Após fechar uma porta, abri outra. Fiz de caso pensado. Pus a chave, virei a maçaneta suavemente e bem devagar empurrei. Sem muito estardalhaço, adentrei o novo território. Primeiro um, depois o outro pé, bem firmes no chão. Percebei que o terreno era conhecido, muito familiar. As pessoas são as mesmas, os debates muito similares aos antigos. Mas algo era novo. Muita água haveria de correr por esse rio para que eu descobrisse o que havia de novo na porta que abri.
Estava cheia. Abarrotada, para ser mais preciso. Meus braços roçavam nos outros ao lado. Sem meias palavras, o tema era abordado de forma intrigante e polêmica. Direito e reto, como o povo gosta, debatíamos os velhos conceitos e pré conceitos. Foram ao chão, um por um. Chegamos ao fim. A porta era o caminho natural e, de fato, foi. Lá em baixo, aquele café caprichado bebi, acompanhado por um cigarro que tocava meus lábios de vez em quando. Após o ritual próprio dos momentos de intervalo, me dirigi aos blocos mais distantes. Chegando lá, reencontrei alguns amigos que não via há algum tempo. Sentamos em volta de uma mesa de concreto. Conversávamos tranquilamente, enquanto o sol ia baixando devagar e sempre. Cumpria o destino de todos as tardes de forma singela e única. Nem parecia algo comum, pois tamanha beleza deveria ser guardada para momentos especiais . Mas, ainda bem que não era.
Foi ali que percebi. Escolhi a porta do retorno. Mas, não havia me dado conta que ao retornar, mudei. Sem pressa de ser algo que não sou, nem prepotência de querer aquilo que não posso, transformei minha forma de ler o mundo sem passar pela alfabetização. Leio o mundo com meus olhos que não se fecham para a mudança, nem muito menos ao velho, mesmo que travestido de novo.